Por se tratar de uma doença cada vez mais constante em nosso espaço, compartilhamos este artigo publicado no Jornal O Globo fala sobre a evolução dos estudos de um potencial tratamento para estabilizar a tau, enzima relacionada ao Alzheimer e outras doenças neurológicas.
Experimentos com camundongos e macacos têm resultados promissores
Proteína defeituosa se acumula nos neurônios e leva à morte as células cerebrais, provocando demência - Latinstock
Em condições normais, a proteína tau ajuda a manter a estabilidade dos axônios, as longas estruturas tubulares que ligam uma das extremidades de um neurônio a outros e por onde ele transmite seus sinais. Em algumas pessoas, no entanto, estas células cerebrais começam a fabricar versões defeituosas da proteína, que vão se acumulando em emaranhados em seu interior e acabam por danificá-la, levando à morte os próprios neurônios que ela deveria ajudar proteger, no que é considerado dos primeiros marcadores biológicos do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer.
Diante disso, cientistas acreditam que, se puderem controlar a produção da proteína, talvez seja possível barrar ou mesmo reverter estes danos, abrindo um novo caminho para o tratamento destas chamadas taupatias. E é justamente isso que fizeram pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Washington em St. Louis, no estado americano do Missouri. Usando uma nova abordagem que emprega moléculas conhecidas como oligonucleotídeos antissentido, eles conseguiram reduzir a fabricação da tau, e consequentemente a formação de seus emaranhados no interior dos neurônios, nos cérebros de camundongos geneticamente modificados para produzirem versões defeituosas da proteína humana, assim como diminuir os níveis da proteína no sistema nervoso de macacos em um teste subsequente.
- Demonstramos que esta molécula reduz os níveis da proteína tau, prevenindo e, em alguns casos, revertendo os danos neurológicos – destaca Timothy Miller, professor de neurologia na universidade americana e autor sênior de artigo sobre os experimentos, publicado nesta quarta-feira no periódico científico “Science Translational Medicine”. - Este composto é o primeiro que mostrou ser capaz de reverter danos relacionados à tau no cérebro que também tem o potencial de ser usado como uma terapia em pessoas.
Em condições normais, a proteína tau ajuda a manter a estabilidade dos axônios, as longas estruturas tubulares que ligam uma das extremidades de um neurônio a outros e por onde ele transmite seus sinais. Em algumas pessoas, no entanto, estas células cerebrais começam a fabricar versões defeituosas da proteína, que vão se acumulando em emaranhados em seu interior e acabam por danificá-la, levando à morte os próprios neurônios que ela deveria ajudar proteger, no que é considerado dos primeiros marcadores biológicos do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer.
Diante disso, cientistas acreditam que, se puderem controlar a produção da proteína, talvez seja possível barrar ou mesmo reverter estes danos, abrindo um novo caminho para o tratamento destas chamadas taupatias. E é justamente isso que fizeram pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Washington em St. Louis, no estado americano do Missouri. Usando uma nova abordagem que emprega moléculas conhecidas como oligonucleotídeos antissentido, eles conseguiram reduzir a fabricação da tau, e consequentemente a formação de seus emaranhados no interior dos neurônios, nos cérebros de camundongos geneticamente modificados para produzirem versões defeituosas da proteína humana, assim como diminuir os níveis da proteína no sistema nervoso de macacos em um teste subsequente.
- Demonstramos que esta molécula reduz os níveis da proteína tau, prevenindo e, em alguns casos, revertendo os danos neurológicos – destaca Timothy Miller, professor de neurologia na universidade americana e autor sênior de artigo sobre os experimentos, publicado nesta quarta-feira no periódico científico “Science Translational Medicine”. - Este composto é o primeiro que mostrou ser capaz de reverter danos relacionados à tau no cérebro que também tem o potencial de ser usado como uma terapia em pessoas.
Os oligonucleotídeos antissentido funcionam ao interferirem na transmissão de informações para a produção de proteínas pelas células. No processo normal, as instruções para montagem das proteínas contidas no DNA, o material genético no núcleo celular, é transcrita em uma molécula mensageira chamada RNA, que então segue para os ribossomas, as fábricas de proteínas das células, com a “receita” para sua produção. Os oligonucleotídeos antissentido, no entanto, podem ser construídos para se unirem a este RNA e marcá-lo pra destruição antes que chegue aos ribossomas, impedindo assim que as proteínas sejam fabricadas.
Como podem ser desenhados para se ligarem a qualquer “receita” de proteína, os oligonucleotídeos antissentido podem ser usados para atrapalhar a produção de qualquer uma delas. Recentemente, a Administração para Alimentos e Drogas dos EUA (FDA) aprovou o uso destas moléculas para o tratamento de duas doenças neuromusculares, a distrofia muscular de Duchenne e a atrofia muscular espinhal, e estão atualmente em curso ensaios clínicos para seu uso terapêutico contra outros males neurológicos, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a doença de Huntington.
No experimento da Universidade Washington, os cientistas administraram uma dose de oligonucleotídeos anti-tau nos camundongos geneticamente modificados quando eles estavam com nove meses de idade, época em que os emaranhados da proteína já começaram a danificar seus neurônios, diariamente durante um mês. Quando os animais estavam com 12 meses, os pesquisadores mediram as quantidades de RNA mensageiro da tau, a concentração total da proteína e a presença dos emaranhados em seus cérebros, verificando que elas eram todas significativamente inferiores às verificadas nos camundongos do grupo de controle, tratados com um placebo. Além disso, os níveis totais de tau e a quantidade de emaranhados dos animais tratados eram menores do que os vistos aos nove meses nos camundongos não tratados, o que sugere que o tratamento não só interrompeu como reverteu o acúmulo das proteínas defeituosas.
Os benefícios da terapia com os oligonucleotídeos nos camundongos, no entanto, não pararam por aí. Ao chegarem aos nove meses de idade, esta linhagem de animais geneticamente modificados também já apresenta um visível encolhimento de seu hipocampo, região do cérebro diretamente ligada à formação de memórias, com a progressiva morte neuronal. E embora não tenha sido capaz de reverter estes processos, o tratamento com o composto conseguiu ao menos interrompê-los. Por fim, os camundongos tratados viveram, em média, 36 dias a mais do que os que não receberam os oligonucleotídeos, além de demonstrarem uma melhor capacidade de construir ninhos que os do grupo de controle, o que reflete uma combinação de comportamentos sociais, desempenho cognitivo e capacidades motoras também melhores, funções largamente prejudicadas em pessoas que sofrem com o mal de Alzheimer e outras taupatias.
Animados com os bons resultados nos experimentos com camundongos, os cientistas decidiram então ver se o composto também funcionava em animais mais parecidos com os seres humanos. Para isso, eles trataram grupos de macacos-cinomolgos (Macaca fascicularis) saudáveis, injetando duas doses dos oligonucleotídeos, ou de um placebo, diretamente no fluído cerebrospinal com uma semana de intervalo entre elas, simulando o que poderia ser o protocolo de um tratamento de pacientes humanos. Duas semanas depois, eles mediram a quantidade de proteína tau e seu RNA mensageiro tanto neste líquido, também chamado de cefalorraquidiano ou líquor, quanto no cérebro dos animais, verificando reduções dos níveis nem ambos.
- O estudo com os macacos nos mostrou a queda da tau no fluído cerebrospinal se correlaciona com menores níveis no cérebro – conta Miller. - Isto é importante porque, se formos avaliar esta abordagem clínica em pessoas, não há uma maneira não invasiva de medir os níveis de tau no cérebro. Assim, esta correlação nos permite usar os níveis da tau no fluído cerebrospinal como um indicativo dos níveis da tau no cérebro.
Miller lembra ainda que altas concentrações da tau não estão associadas apenas ao mal de Alzheimer, mas também a uma série de doenças neurodegenerativas menos conhecidas, como paralisia supranuclear progressiva e degeneração corticobasal, que por isso também poderiam ser tratadas com os oligonucleotídeos anti-tau. Além disso, o composto poderia ser usado como um tipo de profilaxia nos casos de ferimentos traumáticos do cérebro, que também provocam um aumento na produção da proteína e podem levar a demências.
- Os emaranhados de tau estão correlacionados a perdas cognitivas em diversas doenças – destaca. - Esta é uma nova e promissora abordagem para reduzir os níveis de tau, mas ainda temos que testar se ela é segura para pessoas e se ela de fato diminui as concentrações nelas, como foi desenhada para fazer, antes de experimentarmos se ela tem qualquer efeito sobre doenças. Mas tudo que vimos até agora diz que vale a pena investigá-la como um potencial tratamento para pessoas.
POR CESAR BAIMA (26/01/2017 4:30 / atualizado 26/01/2017 23:45)
Uma notícia boa! Vamos torcer pela evolução e afirmação das pesquisas!
E nunca se esqueça, para ficar longe das doenças comuns da Terceira Idade, pratique atividades físicas regulares e alimente-se bem.